domingo, 10 de agosto de 2008

Férias!... Que Férias?...

O dinheiro é pouco. Os juros estão em alta. O petróleo encareceu desmedidamente. O comércio, para vender, faz «saldos». Os negócios emagrecem de volume. O desemprego ameaça as almas. A inflação reduz drasticamente os salários reais. Os subsídios de férias são utilizados para repor as finanças domésticas... Mesmo assim, há quem busque no estrangeiro um paraíso ilusório, para que se esqueçam as mágoas. A crise não afecta todos, e muito menos os gestores e alguns políticos ...

E, cá dentro, neste Portugal escondido do seu povo, que tesouros possuímos! Que belezas naturais a convidar ao sossego, à recuperação psíquica do cansaço de tantas freimas e trabalhos, ao enriquecimento cultural, e até espiritual, das nossas gentes!

É conhecido o slogan "Vá para fora, cá dentro". Mas, cá dentro, o que temos feito para atrair os portugueses? Que divulgação, que propaganda fazem os municípios das suas riquezas turísticas? E como as têm tratado, em termos de preservação e conservação, de acessos convenientes, de informação cultural adequada? E a própria Administração central, o Património e os Monumentos Nacionais?... Somos um país pequeno, sim, mas com uma diversidade paisagística impressionante, e uma riqueza não desprezível em termos de monumentos históricos de toda a espécie, muitos em completo e criminoso abandono.

A Natureza deslumbra-nos, extasia-nos com os seus quadros pictóricos sempre renovados, segundo o ângulo de observação proporcionado pela conquista gradual das altitudes; ou pelo alongamento do olhar na imensidão das planícies. Mas amedronta-nos, respeitosamente, também, junto aos abismos escarpados das falésias, sobranceiras à rebentação das ondas do mar; e à beira dos precipícios montanhosos das bacias hidrográficas, onde a vegetação exuberante esconde, lá no fundo, silenciosamente, o rumor das correntezas...

Se bem soubermos escutar, tudo isso nos fala... Falam, das suas mágoas e saudade, as pedras dos edifícios em ruína, a contar História perdida nos tempos; falam as árvores, em diálogo de paz e de amor com a brisa suavizante das encostas, mas sempre receando a depredação dos incêndios que tudo devastam; fala o céu azul que nos cobre, entrecortado por cirros esbranquiçados, ou a sorrir nos intervalos de cúmulos acastelados carregados de energia ameaçadora de trovoadas; falam os meandros dos rios, lá ao fundo, a contornar montes e a rasgar vales, à procura da imensidão do oceano. Nos mosteiros beneditinos, perdidos nas encostas montanhosas do Minho, ouve-se ainda - se silêncio bastante conseguirmos... - o eco das matinas e das vésperas dos monges vestidos de preto que consagraram a sua vida ao "Ora et Labora", e à divulgação da Boa Nova de Cristo. E as pedras das torres de menagem fronteiriças, testemunham investidas e lutas, no passado, pela defesa de um território que, hoje, já não tem barreiras. Novos tempos, em que o mundo se torna, cada vez mais, uma aldeia global. Nas cumeadas, onde antes apenas se distinguia a alvura de uma capelinha, vemos, agora, alinhados, altaneiros, de alvura cintilante, os "vira-ventos" geradores de energia renovada, que povoam por toda a parte as nossas montanhas. Novas sentinelas do progresso, não poluentes, usufruindo a Natureza eólica que o Criador deixou como dádiva à Humanidade.

O tempo de férias pode também ser aproveitado como tempo de peregrinação. O território de Portugal é fértil em santuários, que atraem peregrinos de todos os quadrantes. Peregrinar, e peregrinar a pé, é salutar, para o corpo e para o espírito. A caminho de Compostela, do Sameiro ou de Fátima, são frequentes os grupos de peregrinos que palmilham os itinerários adequados, à procura das fontes da Vida. Nestes tempos em que o materialismo tudo faz para atrair o homem por caminhos de felicidade ilusória, peregrinar, em busca do sagrado, é uma opção de férias retemperadoras, libertadoras. De resto, o homem é essencialmente um Peregrino. Um peregrino à procura da Pátria definitiva, onde, só aí, poderá encontrar a verdadeira felicidade.

Férias verdadeiras, são aquelas que proporcionam ao homem encontrar-se consigo mesmo, na perspectiva do seu destino eterno. Como dizia o saudoso padre Elói de Pinho: "Férias com Deus ao fundo".

1 comentário:

Anónimo disse...

Considering the fact that it could be more accurate in giving informations.