O dinheiro é pouco. Os juros estão
E, cá dentro, neste Portugal escondido do seu povo, que tesouros possuímos! Que belezas naturais a convidar ao sossego, à recuperação psíquica do cansaço de tantas freimas e trabalhos, ao enriquecimento cultural, e até espiritual, das nossas gentes!
É conhecido o slogan "Vá para fora, cá dentro". Mas, cá dentro, o que temos feito para atrair os portugueses? Que divulgação, que propaganda fazem os municípios das suas riquezas turísticas? E como as têm tratado, em termos de preservação e conservação, de acessos convenientes, de informação cultural adequada? E a própria Administração central, o Património e os Monumentos Nacionais?... Somos um país pequeno, sim, mas com uma diversidade paisagística impressionante, e uma riqueza não desprezível em termos de monumentos históricos de toda a espécie, muitos em completo e criminoso abandono.
A Natureza deslumbra-nos, extasia-nos com os seus quadros pictóricos sempre renovados, segundo o ângulo de observação proporcionado pela conquista gradual das altitudes; ou pelo alongamento do olhar na imensidão das planícies. Mas amedronta-nos, respeitosamente, também, junto aos abismos escarpados das falésias, sobranceiras à rebentação das ondas do mar; e à beira dos precipícios montanhosos das bacias hidrográficas, onde a vegetação exuberante esconde, lá no fundo, silenciosamente, o rumor das correntezas...
Se bem soubermos escutar, tudo isso nos fala... Falam, das suas mágoas e saudade, as pedras dos edifícios em ruína, a contar História perdida nos tempos; falam as árvores, em diálogo de paz e de amor com a brisa suavizante das encostas, mas sempre receando a depredação dos incêndios que tudo devastam; fala o céu azul que nos cobre, entrecortado por cirros esbranquiçados, ou a sorrir nos intervalos de cúmulos acastelados carregados de energia ameaçadora de trovoadas; falam os meandros dos rios, lá ao fundo, a contornar montes e a rasgar vales, à procura da imensidão do oceano. Nos mosteiros beneditinos, perdidos nas encostas montanhosas do Minho, ouve-se ainda - se silêncio bastante conseguirmos... - o eco das matinas e das vésperas dos monges vestidos de preto que consagraram a sua vida ao "Ora et Labora", e à divulgação da Boa Nova de Cristo. E as pedras das torres de menagem fronteiriças, testemunham investidas e lutas, no passado, pela defesa de um território que, hoje, já não tem barreiras. Novos tempos, em que o mundo se torna, cada vez mais, uma aldeia global. Nas cumeadas, onde antes apenas se distinguia a alvura de uma capelinha, vemos, agora, alinhados, altaneiros, de alvura cintilante, os "vira-ventos" geradores de energia renovada, que povoam por toda a parte as nossas montanhas. Novas sentinelas do progresso, não poluentes, usufruindo a Natureza eólica que o Criador deixou como dádiva à Humanidade.
O tempo de férias pode também ser aproveitado como tempo de peregrinação. O território de Portugal é fértil em santuários, que atraem peregrinos de todos os quadrantes. Peregrinar, e peregrinar a pé, é salutar, para o corpo e para o espírito. A caminho de Compostela, do Sameiro ou de Fátima, são frequentes os grupos de peregrinos que palmilham os itinerários adequados, à procura das fontes da Vida. Nestes tempos em que o materialismo tudo faz para atrair o homem por caminhos de felicidade ilusória, peregrinar, em busca do sagrado, é uma opção de férias retemperadoras, libertadoras. De resto, o homem é essencialmente um Peregrino. Um peregrino à procura da Pátria definitiva, onde, só aí, poderá encontrar a verdadeira felicidade.
Férias verdadeiras, são aquelas que proporcionam ao homem encontrar-se consigo mesmo, na perspectiva do seu destino eterno. Como dizia o saudoso padre Elói de Pinho: "Férias com Deus ao fundo".
1 comentário:
Considering the fact that it could be more accurate in giving informations.
Enviar um comentário