terça-feira, 28 de agosto de 2007

Terminaram as festas na minha terra

Neste fim de semana celebraram-se as festa a S. Bartolomeu, na vila dos Carvalhos. Aqui fica um aspecto da capelinha, em iluminação nocturna. Esta capela é uma versão moderna, pois a antiga, muito antiga, consolidava uma devoção popular desde tempos remotos, anteriores à nacionalidade. O Príncipe D. Afonso Henriques já referia este monte de S. Bartolomeu na carta de couto (limites) concedida ao mosteiro beneditino de Pedroso, extinto no século XVI.

domingo, 26 de agosto de 2007

Sol poente em Celorico da Beira

Em 17 de Agosto, depois de uma visita ao Portugal raiano, belo, histórico, tranquilo, da Beira Alta, no regresso, o Sol brindou-nos, em Celorico da Beira, com um suave «adeus, até amanhã!». A Natureza também se expressa e fala com os humanos... A Natureza é voz de Deus, sacramento do Criador.

Sol poente em trovoada de Agosto

Ontem, o sol poente mostrava-se belo, quente, luminoso, aterrador...Tempo de trovoada. Calor de Agosto. Dir-se-ia que os céus se tinham incendiado. Sol poente, em horizonte luminoso. pintura quente, do Criador amoroso. Beleza forte, que vence a morte.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sol nascente em Marialva

Como é bom ver nascer o Sol, por trás das montanhas, e rodeado de serras por todos os lados. A Natureza canta permanentemente um hino de vida e de alegria ao Criador. Como não havia Teilhard de Chardin de celebrar a sua «Missa sobre o Mundo»... * «... nestas estepes da Ásia, Senhor, não tenho pão, nem vinho nem altar, elevar-me-ei acima dos símbolos até à pura majestade do Real, e oferecer-vos-ei, eu, vosso sacerdote, sobre o altar da Terra inteira, o trabalho e as penas do Mundo.» * Era esta a sensação que me brotava da alma, nesta manhã de 17 de Agosto passado, ao contemplar as maravilhas de Deus, do alto do castelo da vila de Marialva. Grato, Senhor, por me dares a possibilidade de admirar o Teu poder e majestade, e de ouvir a Tua voz que fala no silêncio das coisas que criaste!. Louvado sejas!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Há festa na minha terra!

Há festa na minha terra,

Estouram foguetes no ar;

Canta, dança e reza a gente...

E do mar até à serra

Se vê a Cruz a brilhar

Lá no monte, refulgente.

Ó Senhora da Saúde,

Em Teu Monte do Murado,

No Teu altar, tão formosa!

Aqui vim, logo que pude,

P´ra ficar sempre a Teu lado,

Mãe divina e poderosa.

Ó Senhora da Assunção,

Quem Te deu esse Menino

Que tens ao colo abraçado?

- «É Jesus, da Redenção,

Meu Filho, tão pequenino,

De imaculada concepção».

Bendita sejas, Senhora,

Por Teu Filho, e de Deus Pai,

Nosso Rei e Salvador!

Louvamos-Te, a toda a hora.

A vossa graça nos dai...

Em bênçãos do vosso Amor!

domingo, 5 de agosto de 2007

Nas lixeiras de Sarajevo

Toda a minha refeição da tarde

se revolvera no estômago...

frente àquelas imagens de Sarajevo.

Gente faminta,

competindo, entre si,

na lixeira da cidade,

pelo mais procurado petisco da pobreza:

os restos dos outros...

As migalhas caídas

das mesas abastadas da opulência.

Há sempre opulência e esbanjamento,

quando não se reparte,

com a fome dos outros,

as migalhas do pão de cada dia.

E há sempre pobreza e miséria,

quando os famintos buscam o seu pão...

nas lixeiras da cidade...

Como em Sarajevo!

Que humanos somos?!...

Que qualidade de cristãos é a nossa?!...

Mas foi bela a lição que deram,

esses pobres das sociedades modernas!

Prezaram a vergonha da sua indigência...

a mais sentida e pungente

dignidade do ser humano:

recusaram falar para a Televisão.

Buscam a sobrevivência...

mas desprezam a sensação

grosseira e vil

da devassa nos écrans do mundo.

Perderam tudo o que tinham a perder...

mas não vendem, ainda,

a riqueza da sua dignidade.

Senhor,

Tu, que não deixaste sem pão

a multidão dos que Te procuravam...

Tu, que disseste à Samaritana

possuíres fontes de água viva

para os sequiosos do Teu amor,

lança um olhar de piedade

a todos os Teus filhos famintos,

em sinal de que a verdadeira dignidade

não é a vergonha de ser pobre...

mas a riqueza da Esperança

de Salvação que a todos ofereces,

mesmo que em sofrimento,

e em derrota de Calvário...

como nas lixeiras de Sarajevo.

(Ano de 1995)

sábado, 4 de agosto de 2007

O Farol

Não podemos demandar o mar da vida desprezando o farol que nos alerta para os perigos imprevistos e nos assinala o porto seguro que nos espera e reserva acolhimento, missão cumprida. Senhor, Dá-me, e a cada um dos meus irmãos, a humildade bastante para confiar nessa luz, na Tua Luz, que dissipa as trevas traiçoeiras e nos mostra os escolhos fatídicos dos quais nos devemos afastar. Deixa que essa Luz rompa os nevoeiros dos dias de incerteza, e supere a espuma das ondas alterosas, para que não soçobremos no abismo. Que os ventos nos sejam propícios, ou a eles saibamos resistir, vencendo o medo que nos leva a perder a fé e, como Pedro, a gritar desesperados pelo Teu auxílio. Que a Luz do Teu Espírito Santo esteja sempre presente na rota do meu barco, do nosso barco, Senhor, para que seja feita, e só, a Tua vontade... que é vontade de confiança, de esperança e de Amor!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Não foras Tu, ó Mãe...

Deixa-me descansar no teu regaço,

Ó Mãe extremosa, em quem confio.

Deixa que te ofereça as minhas penas,

Os meus anseios e desgostos,

As minhas esperanças e desalentos...

Quanta solidão, por vezes, me reserva

O mundo agitado dos meus dias!

Não foras Tu, ó Mãe,

A quem iria?...

Para quê, tanta agitação sem Norte,

Tanta canseira e trabalho?...

Arrastam-me por caminhos e veredas,

Exigem de mim forças que não tenho.

Esperam confiantes

Proveito de seus anelos,

Como se em meu peito morasse

A felicidade que buscam... no vazio!...

Não foras Tu, ó Mãe...

A quem iria?...

Desfaleço, caio, levanto-me.

Galgam meus passos novamente a encosta

E cambaleio na berma do profundo.

Sinto medo.

Coragem que fenece...

Desisto e fujo.

Deixa-me descansar no teu regaço,

Ó Mãe extremosa,

Só em ti confio!

Não foras Tu, ó Mãe...

A quem iria?...

Buscar a Paz que me afaga,

O Amor que me tranquiliza,

A Esperança que me impele

Para a Fé de um amanhã em novo dia?!...

Deixa-me descansar no teu regaço.

Não foras Tu, ó Mãe...

Não foras Tu,

A quem iria?...

Deixa-me ficar contigo, Senhor!...

“Então Jesus disse aos Doze:

«Também vós quereis ir embora?»

Respondeu-lhe Simão Pedro:

«A quem iremos nós, Senhor? Tu tens

palavras de vida eterna!»

(Jo 6 67, 68)

..... .... .....

Nas margens do mar da Galileia, o Mestre arrebatava as multidões. Gente rude, violenta, de mãos calejadas e cabeça dura. Oprimidos pelo invasor romano, esperavam um libertador terreno, um rei... à maneira de David.

Depressa começaram a entender que as palavras daquele homem eram diferentes, novas, de um sentido profundo e envolto em mistério.

"- Tu tens palavras de vida eterna - diria Pedro, o escolhido para servir de pedra, fundamento de uma nova construção no mundo: um edifício humano, feito de pedras vivas, que jamais haveria de ruir.

Os homens, hoje, não são muito diferentes dos de então: egoístas, ambiciosos, violentos... Mas também de carne e osso, como os pescadores galileus: de coração frio e entendimento embotado; escravos do mundo que os rodeia; sem tempo para vislumbrarem uma réstia libertadora, de esperança, a rasgar as nuvens escuras dos interesses muito particulares nas malhas dos negócios e da política, em que se deixaram envolver.

Para eles - os homens de hoje -, para todos nós, para ti e para mim, a presença de Jesus continua a ser uma realidade quotidiana e consoladora.

A sua voz, as suas “palavras de vida eterna"... penetram-nos, num murmúrio interior, chegando ao mais íntimo de nós mesmos. Mas não queremos ouvi-las, não criamos espaço acolhedor no nosso espírito para que orientem as nossas atitudes, motivem a nossa vontade, e façam florescer à nossa volta testemunhos de um amor que liberta e salva.

Somos peças de máquina, neste nosso mundo doente e pervertido. Somos, muitas vezes, engrenagens ferrugentas que aviltam a harmonia da vida e a desviam do sentido último, do rumo à plenitude da existência.

Somos barro... que precisa das mãos do oleiro para ganhar beleza de forma e capacidade para servir.

Temos - todos - uma grande carência de silêncio, de serenidade... Dessa paz interior e nostálgica que levou as multidões a procurar e a imitar aquele homem simples e misterioso, o filho do carpinteiro, que nas margens do mar da Galileia falava às gentes que o procuravam... com "palavras de vida eterna".

No meio de todas as tribulações, e depois do barulho dos terramotos e tempestades que por vezes assolam a nossa precária condição humana, se conseguirmos dar um pouco de atenção aos sinais que o Senhor nos envia, e estabelecer sintonia com o Seu Espírito vivificador, poderemos dar conta de que Ele chega de mansinho, como a Elias, na suavidade da brisa matutina... Para se colocar à nossa frente, expectante e interrogativo.

Então, só nos resta fitar os seus olhos de infinita serenidade e maviosa candura, e responder baixinho:

- Não me quero ir embora, Senhor. Deixa-me ficar contigo!