Toda a minha refeição da tarde
se revolvera no estômago...
frente àquelas imagens de Sarajevo.
Gente faminta,
competindo, entre si,
na lixeira da cidade,
pelo mais procurado petisco da pobreza:
os restos dos outros...
As migalhas caídas
das mesas abastadas da opulência.
Há sempre opulência e esbanjamento,
quando não se reparte,
com a fome dos outros,
as migalhas do pão de cada dia.
E há sempre pobreza e miséria,
quando os famintos buscam o seu pão...
nas lixeiras da cidade...
Como em Sarajevo!
Que humanos somos?!...
Que qualidade de cristãos é a nossa?!...
Mas foi bela a lição que deram,
esses pobres das sociedades modernas!
Prezaram a vergonha da sua indigência...
a mais sentida e pungente
dignidade do ser humano:
recusaram falar para a Televisão.
Buscam a sobrevivência...
mas desprezam a sensação
grosseira e vil
da devassa nos écrans do mundo.
Perderam tudo o que tinham a perder...
mas não vendem, ainda,
a riqueza da sua dignidade.
Senhor,
Tu, que não deixaste sem pão
a multidão dos que Te procuravam...
Tu, que disseste à Samaritana
possuíres fontes de água viva
para os sequiosos do Teu amor,
lança um olhar de piedade
a todos os Teus filhos famintos,
em sinal de que a verdadeira dignidade
não é a vergonha de ser pobre...
mas a riqueza da Esperança
de Salvação que a todos ofereces,
mesmo que em sofrimento,
e em derrota de Calvário...
como nas lixeiras de Sarajevo.
(Ano de 1995)
1 comentário:
Eis como somos responsáveis diante da Palavra!
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