domingo, 7 de dezembro de 2008

NATAL

Desejo a todos os que este virem, um Santo e Feliz Natal, com muitas bênçãos do Jesus do Presépio, Filho de Deus e nosso Salvador. *** *** ****

Natal 2008

Vai ser, mais uma vez, Natal!

Sempre igual, sempre igual...

Sempre diferente, e diferente!

Num presépio, comovente,

E num choro de Criança...

Vai nascer a Esperança,

De um seio Maternal.

E, de novo, é Natal!...

Neste mundo sempre igual,

Onde há fome, doença. dor...

À espera do Deus de Amor.

No céu brilha intensa Luz…

Nasce, na Terra, Jesus!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Saudades da guerra fria...,

Saudades da guerra fria...,

ou o Ocidente em declínio?!...

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, com muita falta de senso e clamorosa imprudência política, decidiu invadir a Ossétia do Sul, para pôr cobro aos propósitos separatistas daquela parcela do «seu» território. A Rússia não se conteve, e reagiu com violência, pois não iria permitir que fosse ultrapassada, ali, a sua influência estratégica.

Só um tolo teria deixado de acreditar que isso não iria acontecer… Só um tolo, ou um governante insensato, indiferente perante o sofrimento do povo. Foi o que aconteceu: violência desmedida; morte de inocentes; humilhação e derrota.

E o Ocidente aninhou, titubiante, perante a firmeza verbal e bélica dos senhores (ou do senhor – Putin) do Kremlin.

De resto, como teriam reagido os americanos (versus NATO) se a Sérvia tivesse invadido o Kosovo, após ter este proclamado unilateralmente a sua independência?...

Ossétia, Abkhásia, Kosovo, País Basco…

Afeganistão, Iraque, Irão

Pedras no sapato da paz podre em que vive o mundo, que parece alimentar saudades da guerra fria da segunda metade do século passado…

Novos marcos, a balizarem as relações internacionais, cada vez mais complicadas e perigosas.

Se, por um lado, há indícios encorajadores de esperança, nos recentes progressos de entendimento a nível político entre Israel e a Palestina, por outro, a arrogância ameaçadora de Ahmadinejad, presidente do Irão (que já pretende exportar «nuclear» para a África…) a respeito do estado judeu, não augura futuro risonho para aquela região, nem para o mundo. Já não falando na China, esse colosso militar que começa a dar mostras de apoiar a Rússia nos recentes diferendos (e até o Chávez, da Venezuela, aproveitou a deixa para se encostar aos poderes do Oriente).

Há quem pense que a Rússia de hoje não é a União Soviética de ontem. E quem é que fez a U.R.S.S. de ontem e nela imperava?...

Insensatos!

Se as ideologias – dizem - tiveram já a sua época, elas deixaram os seus frutos e as suas sementes: a alma da humanidade foi destruída pelo materialismo ateu, e pelas filosofias da «morte de Deus». A sociedade actual vive num misticismo prático de marxismo existencialista, alimentado, paradoxalmente, pelo lucro fácil de um capitalismo selvagem, insensível às misérias humanas, e pelo prazer individualista a todo o custo. O espaço planetário em que vivemos vai-se contraindo cada vez mais, mercê da velocidade estonteante das comunicações, e, por consequência, torna-se presa da vontade de domínio dos mais fortes.

Estaremos, então, a cozinhar uma nova guerra fria global, a ressuscitar a ameaça e o medo permanentes da guerra quente?...

Ou será que a Civilização Ocidental, apodrecidas que estão as almas, começa a ver desaparecer no horizonte a estrela dos seus dias mais gloriosos?!...

Post-Scriptum:

Imaginem, agora, o que aconteceria, a nível mais nosso… se o P.M. de Portugal resolvesse mandar tropas a Olivença, para fazer valer os nossos direitos históricos e legais!...

sábado, 30 de agosto de 2008

Um País em cata-vento

A onda de criminalidade violenta está a tornar-se num autêntico «tsunami» social.

O pânico generaliza-se.

O cidadão comum interroga-se sobre a sua segurança pessoal e de seus bens.

Um pandemónio generalizado, depois dos processos casapianos sem solução à vista, e dos apitos dourados que vão perdendo o brilho e o som estridente de seu início.

Já se levam as caixas multibanco às cavaleiras, estejam onde estiverem: desde os supermercados aos tribunais (tribunais!... o cúmulo paradoxal do paroxismo do crime!);

Incendeiam-se autocarros em recolha; «hijackam»-se automóveis topo de gama;

Assaltam-se ourivesarias, bancos e bombas de combustíveis;

Desaparecem crianças, misteriosamente, sem que fique qualquer pista aproveitável à investigação policial;

Promove-se, facilitando o processo e os meios, o desfazer dos laços matrimoniais;

Financia-se o aborto por opção da mulher (… mãe?!) e dispara a exploração comercial do sexo;

Oferece-se à juventude escolar preservativos e computadores, e distribui-se gratuitamente seringas para droga nas cadeias;

Manda-se retirar os crucifixos das escolas, e alterar a denominação de sabor religioso das instituições do Estado;

Desvaloriza-se o conceito da Honra, e relativiza-se o valor da Fidelidade;

Está a perder-se a capacidade de pensar, de reflectir…

etc., etc., etc.

O que conta, hoje, é o lucro, o interesse imediato, hedonístico e vil.

Entretanto os nossos políticos gozam férias, apesar de tudo; mudam de mulher como quem muda de camisa; enchem as capas de revistas com fotos de seus devaneios amorosos (nem todos, felizmente, se medem pela mesma rasa!...).

Estamos num Portugal que deixou extinguir na alma do seu povo a noção dos mais acrisolados valores que dão sentido à vida; que não oferece à juventude ideais nem objectivos atingíveis; que legisla contra a Família e levanta engulhos à religião que lhe deu identidade desde o berço. Somos uma Pátria que deu pátria a povos de todo o mundo, mas que os abandonou às ideologias, quando era preciso educá-los e ajudá-los a construir o seu próprio Lar. Os que puderam fugir ao inferno consequente que os cercou e dizimou milhares dos seus irmãos, vagueiam por aí nos bairros problemáticos das nossas cidades, onde o crime alastra e a droga mata o corpo, destrói a personalidade, e definha a alma.

Fiquemos por aqui...

Que esperam deste País, que se governa em pára-arranca e legisla em cata-vento?

Ora agora, deixam-se os criminosos em liberdade...; ora agora, instaura-se mais apertada a prisão preventiva! Mais umas medidas legislativas, mais uma série de estratégias! Leis e medidas!... Não importa se as anteriores são ou não cumpridas... O «novo» é que é bom e eficaz!

Que fizeram deste País, onde por toda a parte se vêem nas paredes os indícios técnicos da anarquia?... Onde os políticos gastam montes de dinheiro dos impostos de todos em decisões e obras de fachada, de cariz eleitoralista, e descuram as mais comezinhas necessidades públicas? Depois, endivida-se a Administração, segundo o lema displicente e desonesto: «Quem vier atrás que feixe a porta!».

Para onde vai Portugal? «Como vai, este País?» - assim perguntavam, há uma trintena de anos Herman José e Nicolau Breyner, no programa crítico-humorístico «Sr. contente e Sr. Feliz».

«Este País» continua, hoje, a rodopiar em cata-vento, à procura de um sentido e de um destino. Permanece, graças ao sistema político que temos, «à espera de Godot»! Desse Godot quimérico, que nunca chega, mas que Beckett colocou, como esperança, no imaginário daqueles para quem a vida se constitui em tédio e em derrota. .

E já lá vão trinta e tal anos, em que numa manhã de Abril se proclamou a Liberdade!... e se perdeu o senso da Responsabilidade… quando a boceta de Pandora, da «Revolução» deixou extravasar as «liberdades»!

Oxalá que os Portugueses se venham a libertar da obsessão de Godot, que nunca chega, e tentem, algum dia, recuperar a Esperança, que continua, apesar de tudo, a aguardar que a resgatem, lá do fundo da boceta, onde ainda, e só ela, permanece.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Há festa na minha terra

15 de Agosto. A Assunção de Maria aos Céus é celebrada em todo o Mundo. Também, todo o Portugal exulta e canta, neste dia, louvores a Maria - a verdadeira «Arca da Aliança», o Modelo da Igreja de Jesus Cristo, aquela que, sempre atenta às necessidades de seus filhos terrenos, antecipou a hora do Divino Taumaturgo dizendo-nos «Fazei o que Ele vos disser». Igualmente na minha terra se celebrou a festa em honra da Mãe do Céu, sob a devoção da Senhora da Saúde. Multidões vieram de todos os lados, de dia e de noite, ao Monte do Murado, na vila dos Carvalhos, para cumprir as suas promessas, para orar, para agradecer e pedir o auxílio divino. Presidiu às celebrações, representando D. Manuel Clemente, bispo do Porto, o Monsenhor Cónego Dr. Godinho de Lima, professor jubilado da U. Católica do Porto e ex-vigário geral da diocese. *** FOTOS: - Procissão - Homilia - na Missa campal - Aspecto exterior da capela, à noite

domingo, 10 de agosto de 2008

Férias!... Que Férias?...

O dinheiro é pouco. Os juros estão em alta. O petróleo encareceu desmedidamente. O comércio, para vender, faz «saldos». Os negócios emagrecem de volume. O desemprego ameaça as almas. A inflação reduz drasticamente os salários reais. Os subsídios de férias são utilizados para repor as finanças domésticas... Mesmo assim, há quem busque no estrangeiro um paraíso ilusório, para que se esqueçam as mágoas. A crise não afecta todos, e muito menos os gestores e alguns políticos ...

E, cá dentro, neste Portugal escondido do seu povo, que tesouros possuímos! Que belezas naturais a convidar ao sossego, à recuperação psíquica do cansaço de tantas freimas e trabalhos, ao enriquecimento cultural, e até espiritual, das nossas gentes!

É conhecido o slogan "Vá para fora, cá dentro". Mas, cá dentro, o que temos feito para atrair os portugueses? Que divulgação, que propaganda fazem os municípios das suas riquezas turísticas? E como as têm tratado, em termos de preservação e conservação, de acessos convenientes, de informação cultural adequada? E a própria Administração central, o Património e os Monumentos Nacionais?... Somos um país pequeno, sim, mas com uma diversidade paisagística impressionante, e uma riqueza não desprezível em termos de monumentos históricos de toda a espécie, muitos em completo e criminoso abandono.

A Natureza deslumbra-nos, extasia-nos com os seus quadros pictóricos sempre renovados, segundo o ângulo de observação proporcionado pela conquista gradual das altitudes; ou pelo alongamento do olhar na imensidão das planícies. Mas amedronta-nos, respeitosamente, também, junto aos abismos escarpados das falésias, sobranceiras à rebentação das ondas do mar; e à beira dos precipícios montanhosos das bacias hidrográficas, onde a vegetação exuberante esconde, lá no fundo, silenciosamente, o rumor das correntezas...

Se bem soubermos escutar, tudo isso nos fala... Falam, das suas mágoas e saudade, as pedras dos edifícios em ruína, a contar História perdida nos tempos; falam as árvores, em diálogo de paz e de amor com a brisa suavizante das encostas, mas sempre receando a depredação dos incêndios que tudo devastam; fala o céu azul que nos cobre, entrecortado por cirros esbranquiçados, ou a sorrir nos intervalos de cúmulos acastelados carregados de energia ameaçadora de trovoadas; falam os meandros dos rios, lá ao fundo, a contornar montes e a rasgar vales, à procura da imensidão do oceano. Nos mosteiros beneditinos, perdidos nas encostas montanhosas do Minho, ouve-se ainda - se silêncio bastante conseguirmos... - o eco das matinas e das vésperas dos monges vestidos de preto que consagraram a sua vida ao "Ora et Labora", e à divulgação da Boa Nova de Cristo. E as pedras das torres de menagem fronteiriças, testemunham investidas e lutas, no passado, pela defesa de um território que, hoje, já não tem barreiras. Novos tempos, em que o mundo se torna, cada vez mais, uma aldeia global. Nas cumeadas, onde antes apenas se distinguia a alvura de uma capelinha, vemos, agora, alinhados, altaneiros, de alvura cintilante, os "vira-ventos" geradores de energia renovada, que povoam por toda a parte as nossas montanhas. Novas sentinelas do progresso, não poluentes, usufruindo a Natureza eólica que o Criador deixou como dádiva à Humanidade.

O tempo de férias pode também ser aproveitado como tempo de peregrinação. O território de Portugal é fértil em santuários, que atraem peregrinos de todos os quadrantes. Peregrinar, e peregrinar a pé, é salutar, para o corpo e para o espírito. A caminho de Compostela, do Sameiro ou de Fátima, são frequentes os grupos de peregrinos que palmilham os itinerários adequados, à procura das fontes da Vida. Nestes tempos em que o materialismo tudo faz para atrair o homem por caminhos de felicidade ilusória, peregrinar, em busca do sagrado, é uma opção de férias retemperadoras, libertadoras. De resto, o homem é essencialmente um Peregrino. Um peregrino à procura da Pátria definitiva, onde, só aí, poderá encontrar a verdadeira felicidade.

Férias verdadeiras, são aquelas que proporcionam ao homem encontrar-se consigo mesmo, na perspectiva do seu destino eterno. Como dizia o saudoso padre Elói de Pinho: "Férias com Deus ao fundo".

domingo, 13 de julho de 2008

Encontro de Catequistas - 28 Junho 08

Encontro de catequistas

Ribeira de Gaia

Rest. «Ar de Rio»

Visita às Caves CÁLEM

Este almoço foi catita.

Havemos de cá voltar!

Almoço de catequista…

De amizade e alegria.

Cá estaremos, qualquer dia,

Se Deus quiser e deixar.

A vida só tem sabor

Se celebrar o amor

* * *

Ó Ribeira do além,

Nós ‘stamos cá, deste lado;

Neste «Ar de Rio», que tem

Um restaurante esmerado.

Cais de Gaia, uma beleza!

Que bem nos sentimos cá!

O Rio Douro, riqueza

Que Deus a todos nos dá!

De um lado nos fica a Sé…

Do outro, monte Pilar.

Duas colunas de Fé,

Que nos ficam a guardar.

Bendito sejas, Senhor,

Por este encontro de Luz.

Dá-nos força e vigor

Para ensinar, ó Jesus,

Tuas crianças tão belas...

Que estarás sempre com elas!

Na visita às caves CÁLEM

Depois das provas…

Só um «chisquinho» bebi

Dos «Velhotes», branco e tinto;

E não sei o que senti,

Não sei bem como me sinto!...

Obrigado, minha Senhora,

Que nos serviu, bem, de Guia.

Neste dia, nesta hora,

Muito mais… eu bem bebia!

Mas temos de ir embora,

Por nosso pé, de mansinho,

Senão…, minha Senhora,

Vai levar-nos de carrinho.

28 de Junho de 2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A verdadeira fome da Humanidade

A Eucaristia é o centro vital de toda a dinâmica cristã. Toda a Liturgia da Igreja está orientada para a Eucaristia, porque aí se encontra o ponto máximo da oração da Igreja de Jesus Cristo - o encontro do Homem com o próprio Deus, de um modo singular e na pessoa do supremo e eterno Sacerdote, que é Cristo, morto e ressuscitado. É na Eucaristia que buscamos o alimento que nos restabelece para continuarmos a caminhada: «Quem come deste pão, viverá eternamente». (Jo 6,58)

O homem necessita de alimento para o corpo. Sem alimento, as suas forças enfraquecem; fica doente; morrerá, se a carência alimentar persistir. Mas o homem não é só corpo; precisa de outra espécie de alimento para se desenvolver e realizar plenamente. De contrário, definha, na totalidade do seu ser. A sua dimensão espiritual pede-lhe o alimento da alma: «Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» - respondeu Jesus ao tentador, no deserto. (Mt 4, 4).

Lê-se na profecia de Amós: «Dias virão – diz o Senhor Deus – em que mandarei a fome sobre a terra: não será fome de pão, nem sede de água, mas fome de ouvir a palavra do Senhor. E o presságio continua: «Irão cambaleando de um ao outro mar, irão sem rumo do Norte ao Oriente, à procura da palavra do Senhor, mas não a poderão encontrar». (Am 8, 11-12).

Na Missa, o cristão encontra esse alimento imprescindível ao seu desenvolvimento na Fé, com vista ao cumprimento da sua missão existencial, única e irrepetível no mundo. A Missa, especialmente a Missa dominical, oferece-lhe lugar e oportunidade para se encontrar consigo mesmo, para se reconciliar com o Criador, para O louvar e Lhe dar graças, em reconhecimento da sua própria existência. Aí, ele escuta a Palavra de Deus, alimento que aprofunda e fortalece o seu entendimento, e o leva a enveredar, na vida, pelo melhor caminho. Depois, é na Missa que se realiza a comunhão sacramental do cristão com Jesus Cristo, e, n’Ele e por Ele, a comunhão com os irmãos: ali presentes, no mundo inteiro, e na eternidade. Mistério sublime!

Diz Ratzinger, Bento XVI, no seu maravilhoso livro «Jesus de Nazaré», recentemente vindo a público: «A desavença com Deus é o ponto de partida de todos os envenenamentos do homem; a sua superação constitui o pressuposto fundamental para a paz no mundo. Só o homem reconciliado com Deus pode estar também reconciliado e em harmonia consigo mesmo; e somente o homem reconciliado com Deus e consigo mesmo pode construir a paz à sua volta e em todo o mundo» (pag. 124).

Nos tempos que passam, o mundo debate-se com o problema terrível da fome física, mas a fome mais dramática da humanidade é a carência de alimento espiritual: o Pão da Palavra e o Pão Eucarístico.

Se os homens se alimentassem com o «pão vivo que desceu do céu» (Jo 6, 51), e mitigassem a sede que os atormenta nas torrentes de água viva que brotam das fontes eternas do coração de Cristo Redentor, todo o mundo se transformaria em prados verdejantes, em searas doiradas e em pescas milagrosas. Então, das espadas do ódio, do egoísmo e da violência, depressa se fariam relhas de arado, e a paz seria possível, porque fruto da justiça e do amor. (Is 2, 4)

É por isso que se me afigura particularmente grave, hoje, verificar que, em algumas missas celebradas, se devota pouco cuidado às leituras da Palavra de Deus, e se permite uma quase subalternidade fugaz ao momento propriamente eucarístico. Chega-se a suprimir leituras bíblicas, quando se perde tempo, no decurso da celebração, com atitudes acessórias, inadequadas e, até, anti-litúrgicas, que diluem ou tornam opaco o carácter místico da solenidade, o sentido profundo do Mistério.

Promove-se, às vezes, um diletantismo circunstancial que pode atrair multidões sempre ávidas da novidade e do maravilhoso, mas não se preenche nas almas o vazio que as faz retroceder perante as exigências da doação evangélica, que implica palmilhar o caminho pedregoso do Calvário. De resto, a própria Cruz se vai esfumando do imaginário espiritual dos fiéis, que facilmente preferem um «Cristo» «light», «soft», que não evidencie a rudeza atroz do rosto humano-divino desfigurado pelo sofrimento, nem as chagas abertas pelo martírio a que foi submetido o Servo de Javé, ao tomar sobre Si os pecados da Humanidade. (Is 53)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

FÁTIMA 2008

Fátima, sublime afago de Mãe,

Mistério insondável do Divino.

O povo peregrino aqui vem...

E volta, consolado, a seu destino.

Em busca de milagres, que ali vamos?!...

Apenas dar refúgio ao coração.

E junto de Maria, assim ficamos...

Cumprindo «Penitência e Oração!»

Recebe, ó Virgem Santa, as nossas dores,

Te peço, assim, Senhora, com piedade,

E leva ao bom caminho os pecadores!

Que se converta a Deus a Humanidade,

E por dom de teu Filho Salvador,

Ao mundo traz a Paz, por caridade.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Do outro lado do tempo

Há trinta e quatro anos, por esta hora, o sol do Portugal em que nasci desaparecia no horizonte da história. Vivo hoje num Portugal à procura de sentido. Que é feito desses heróis do antanho que rasgaram mares revoltos e desbravaram plagas africanas; que deram a volta ao mundo e descobriram novas gentes; que levaram Cristo ao coração e à alma de gentios; que plantaram padrões nas praias de continentes remotos; que deixaram esta nossa Língua Lusa inculturada nas raças de toda a Terra? Que é feito de Gama e de Camões; de Vieira e de João de Brito; de Albuquerque e de Cabral; de Mouzinho e de Magiollo? Foram todos uns tolos, que nunca pensaram - insensatos! - que seriam julgados por consciências de «libertadores» do futuro?!... Onde param esses heróis que defenderam e construíram o Portugal onde nasci? E como vivem hoje os que rasgaram páginas da História, pelo preço de uma utopia libertadora que adulterou e subjugou o conceito de Liberdade?

sábado, 19 de abril de 2008

Os novos pecados sociais... (e políticos!...)

Parece que a sociedade de que fazemos parte ficou escandalizada por a Santa Sé se ter pronunciado, recentemente, por uma nova lista de - dizem - «modernos» pecados.

A comunicação social deu disso conta, e reagiu. Organizou debates. Explorou, como sempre, a situação, com carácter depreciativo para com a Igreja Católica.

Acompanhámos, por acaso, um desses programas, em que era moderadora uma jornalista de apreciável mérito profissional, mas de manifesta incultura religiosa: a ponto de, ao referir-se ao Santo Padre (Bento XVI), frequentemente o apelidar de «o santo papa».

Não vamos perder tempo aqui com comentários sobre esse programa, embora valesse a pena. Principalmente, porque mui dignas foram, e esclarecedoras, as intervenções de dois dos participantes, competentes na matéria: um professor universitário, da área de História, e o padre Feitor Pinto. Uma terceira figura no debate, uma ex-deputada do partido comunista, sobejamente conhecida pela sua “verbe” exuberante e mímica teatral, bem aproveitou o seu «tempo de antena» para desferir contra a Igreja Católica aquelas acusações a que já estamos habituados sobre factos passados e outros entendidos como actuais, mesmo reconhecendo que João Paulo II, em nome da Igreja, se penitenciara, nos tempos de hoje, por aquilo que, infelizmente, de negativo a História guardou memória (fruto dos tempos de ontem mas aferido pelas consciências de hoje). Assim tivessem coragem semelhante para proceder de igual modo, os responsáveis politico-ideológicos que herdaram e ainda contabilizam o tenebroso saldo de mortes, de violações e de terror, de tantas ditaduras e de tantas guerras que a ambição do poder temporal espalhou e continua a espalhar por todo o mundo!...

Mas há pecado? O que é o pecado?

Há uma tendência cada vez mais generalizada - por deformação cultural, e talvez por superficialidade catequética... - em situar o pecado apenas na relação do homem com Deus. Este conceito radicava-se tanto nas religiões politeístas como no entendimento bíblico do pecado original. Foi o Cristianismo que veio «humanizar» o conceito de pecado, ao mesmo tempo que «humanizou», também, o conceito da misericórdia e do perdão. O Deus dos cristãos fez-se homem, em Jesus de Nazaré, e, no sacrifício supremo da cruz, suportando toda a carga pecaminosa da Humanidade, mostrou, até ao infinito, até ao inconcebível, que há um rosto humano-divino ferido de morte pelos malefícios (pecados) dos homens. E mostrou também que o pecado e a morte não têm poder definitivo sobre o destino da Humanidade, pois está sempre rasgado e aberto o peito humano de Deus, onde sangra de amor o Coração divino, para acolher o pecador arrependido

O «Pecado» não é apanágio das religiões. Se fosse, as ideologias não teriam instituído as humilhantes sessões públicas, «redentoras», de «autocrítica» (de confissão de «pecados» ideológicos, de ofensas ao «Partido»), nem os «purgatórios» dos «Gulags», nem os «infernos» das «câmaras de gás» e dos «fornos crematórios» do nazismo.

Dificilmente o pecado, em sentido moral, é assumido como ofensa contra o próximo, e contra si mesmo; muito menos contra a sociedade em geral; e nunca contra a própria Natureza criada. Nos Estados, os «pecados» de cidadania são abrangidos pelos institutos da contra-ordenação e do crime: infracções menos ou mais graves contra as leis formuladas. Daí, a contrapartida reparadora das coimas e das penas impostas pelos tribunais, os arrestos na praça pública e as prisões.

Quando numa sociedade se perde a noção do dever e do pecado, cai-se depressa no individualismo mais atroz... No narcisismo - que o Padre Amedeo Cencini declara ser um dos maiores males da sociedade actual (VP, Voz Portucalense, de 9 de Abril corrente).

Numa sociedade organizada pode não haver lei penal a caracterizar como crime um acto censuravelmente grave praticado por um cidadão; contudo, esse acto pode ser moralmente ofensivo da liberdade, da dignidade, da integridade e, mesmo, da vida humanas. Muitas das prisões com mandados de captura assinados em branco, efectuadas em Portugal, no período revolucionário de há três décadas atrás, apesar de terem sido actos execráveis... - pecados morais reprovados pelo senso comum, não foram tipificadas como crimes, por não haver lei penal anterior, militar ou civil, que as contemplasse. E todos sabemos que, mais recentemente, o aborto livre, por opção da mulher, até às doze semanas de gestação, deixou de ser penalizado, o que não significa que passasse a ser um acto moralmente inócuo para uma consciência bem formada. Continua a ser um pecado, contra a vida, contra a liberdade, contra o direito de nascer! Um pecado contra o Homem e contra Deus - autor e Senhor da vida!

Poderemos, então dizer que o pecado é, apenas, uma questão de consciência?

O pecado é, objectivamente, uma ofensa (consciente, livre e voluntária) contra o homem, contra a Natureza, contra a Humanidade em geral. Todos têm liberdade de pecar, mas a ninguém é dado o direito de o fazer. O homem só se realiza como tal na doação do amor: no serviço ao seu irmão e na adoração ao seu Criador. Por isso o pecado, em sentido religioso, é, também, uma ofensa contra Deus, que é o Amor sem limites. E ninguém ama a Deus, se ofende, se odeia o seu irmão. Ninguém ama a Deus, se ofende, se prejudica a Natureza, criada para serviço da Humanidade. Uma consciência que não tem sensibilidade para reconhecer o pecado (o mal praticado), tudo faz, tudo permite, tudo ambiciona, tudo violenta.

A sociedade em que vivemos interpela-nos sempre de modos novos, a solicitar-nos novas e diferentes atitudes, a influenciar novos comportamentos, a imputar-nos novas responsabilidades. A interdependência social e política das populações implica corresponsabilidade, e esta exige solidariedade, justiça comunitária, promoção e defesa do bem comum. Estamos no mundo das novas tecnologias, das comunicações sem fronteiras, das novas descobertas científicas, da economia global, e do aquecimento do planeta provocado pela maneira como o homem trata a sua casa comum; é também o mundo da dominação política e financeira, onde campeiam ambições desmedidas, opressões, vinganças, a gerarem o terror da guerra e genocídios apocalípticos de populações. Ninguém pode sentir-se de mãos limpas e indiferente perante o sofrimento alheio.

A guerra, a manipulação genética, o tráfego e uso das drogas e do álcool, a desigualdade e injustiça na sociedade, a violência, a exploração sexual de jovens e crianças, o desemprego, a fome de populações inteiras, a poluição do ambiente, as mortes da estrada – são alguns dos aspectos sociais perante os quais não podemos ficar de braços cruzados e de consciência tranquila, à espera que a solução das ameaças e conflitos desça milagrosamente do céu. Pecados sociais, colectivos, que radicam nos pecados individuais, por acção e omissão, de cada um.

Numa sociedade que se diz democrática, todos somos responsáveis pelos males que proliferam à nossa volta, porque de algum modo podemos fazer algo para minimizar a sua existência e as suas consequências. Temos obrigação grave de fazer o possível para salvar a sociedade e o mundo, através de acções públicas concretas, mas também por meio de organizações não governamentais e pela intervenção política ao nosso alcance.

Os males sociais que se assumem como «pecados sociais», são também pecados políticos, na medida em que os políticos olharem mais para a sua promoção pessoal e para as suas ambições de poder, deixando para segundo plano, se não para total passividade, a melhor ordenação da grei e os interesses do bem comum.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Esperança

Tu és a Esperança que irradias por trás das nuvens tenebrosas. Tua és a certeza da Concórdia e da Paz no Teu Amor que cura a angústia que amesquinha. Tu és a alegria luminosa da Ressurreição que vence a morte e rasga a noite das incertezas. Misericórdia, Senhor, para a infidelidade que sou, para o nada da minha humanidade decaída. A quem iremos ?!... Só Tu és a garantia da vitória final. Só Tu tens palavras de Vida, de Vida Eterna.

domingo, 23 de março de 2008

«Ecce Hommo»!

Se Diógenes vivesse hoje entre nós (uma espécie de Agostinho da Silva, do séc. IV a. C.), certamente que pegava de novo na sua candeia e, saindo do barril onde habitava, tornava a percorrer as nossas praças, em plena luz do dia, à procura do «homem»...

Na verdade, o homem, ser criado de corpo e alma – uma alma racional -, que pensa, que reflecte, que cria, que ama, que livremente se determina diante de escolhas múltiplas, em ordem à sua felicidade, sempre em busca progressiva, parece estar a desaparecer do mundo em que vivemos.

Está a desaparecer, não em número, mas como Homem que é, ou devia ser. O homem de hoje, sobretudo o homem ocidental e, por consequência, o homem português, está a perder – como alguém já o afirmou -, a capacidade de pensar. Hoje não se pensa, não se reflecte, não se toma tento à vida e às responsabilidades que cada um tem sobre as costas. Já não se pergunta: ”quem sou, donde venho, para onde vou...; que ando eu aqui a fazer?...

Somos produto de uma sociedade cada vez mais influenciada pelo mediatismo global sem freio... O mundo à nossa volta, de que vamos tomando conhecimento, é o mundo que nos entra pela casa dentro através das notícias da comunicação social, sobretudo através da televisão. Somos condicionados pela Informação... Condicionados nos juízos, nas atitudes e nas escolhas. Condicionados pelos manipuladores de opinião, que apenas pretendem atingir os seus próprios interesses desmedidos, à custa e com prejuízo do interesse alheio e do interesse de todos. Damos tudo por aceitável, por verdadeiro, mesmo a mentira e a vigarice. Estamos envolvidos pelo «conto do vigário» generalizado, universal, que nos ataca, até, pelo telefone. Sem mencionar as agressões e seduções mais sofisticadas e refinadas, de ordem intelectual e moral, à escala mundial, a que, hoje, cada um pode aceder pelas janelas do seu monitor, na web.

A política, também, pode ser, e geralmente é, um extenso caldo de cultura para que o homem se arrogue o direito de «pensar» pelos outros, e para que esses outros, preguiçosamente, se demitam de pensar por si próprios. Já não sabemos quem nos diz a verdade, quem quer ou está em condições de cumprir o que oferece ou promete, quem defende o bem comum ou apenas pretende o nosso apoio para defesa do seu próprio umbigo. A cada um a “sua” verdade!

Depois, e porque o homem perdeu a capacidade de pensar, porque se foi desabituando de o fazer e já não encontra tempo para recuperar, facilmente se vende, a si próprio, nos «bas-fond» da praça pública dos negócios escuros, numa sociedade cada vez mais prostituída e corrupta. Daí que o crime campeie e a marginalidade alastre, ameaçadora e medonha, opressiva. O homem está a tornar-se a mais sanguinária fera do planeta. Nenhuma outra espécie provoca tanta violência, destruição e morte, na humanidade e no mundo que lhe foi dado para viver e cuidar. O predador por excelência!

De tal forma vivemos esta situação insensata, que as pessoas começam a entrar em pânico, sem vislumbrar um futuro promissor e tranquilo. Perdem a esperança de melhores dias e a confiança nos governantes, nas autoridades, na justiça pública, nas cátedras do ensino, na segurança social, na previdência do Estado. E quando este estado de alma atinge a religião, periga a fé consistente e fortalecida pela razão, mas emerge a superstição fácil, a crendice esperançosa no maravilhoso do milagre, o diletantismo do cerimonial, que ameniza a angústia, mas logo se desfaz nas primeiras dificuldades do esforço e do sacrifício do caminho.

O homem de hoje desvaloriza e despreza o silêncio, embebedado pelo frenesim das tarefas quotidianas: busca, mesmo, a agitação como droga que inebria, o barulho que embota a consciência e a torna impermeável à voz da razão esclarecida pelos valores do espírito. E fora do silêncio, especialmente do silêncio interior, o homem não se encontra a si mesmo, vive alienado, em luta contra o tempo, sempre mais escasso e mais veloz.

É este o homem que definha na humanidade, que se animaliza, que se autodestrói, enquanto ser criado para viver em comunhão de amor com os seus irmãos e com o Criador. Destinado à felicidade eterna, que tem de preparar e construir já neste mundo em que vive, gera a infelicidade à sua volta, num inferno de ódios, de guerras, de violências, de ambições sem limites, de doenças... e de morte.

Há cerca de dois mil anos, emergiu na História da Humanidade um homem que veio dizer ao Mundo quem é o Homem, qual a sua origem e o seu destino. Já nessa altura os poderosos manipularam as turbas, apenas empolgadas pelos milagres, que, com algumas excepções, rapidamente perderam a capacidade de pensar, e contra ele praticaram o mais hediondo dos crimes: mataram-no, condenando-o ao suplício aviltante da cruz. Ele, que era o Homem perfeito, modelo para toda a Humanidade – caminho, verdade e vida, segundo a sua auto-identificação. Felizmente que ressuscitou, ao terceiro dia da sua morte, como havia anunciado, não para a vida antiga, mas para uma Vida que não tem fim – a Vida Eterna. Quis provar aos seus irmãos que a morte não tem a última palavra, e afirmou que todo aquele que n’Ele crê não morrerá jamais... N’Ele, Jesus Cristo, Filho do Homem e Filho de Deus.

E é este o grande dilema e o grande drama da Humanidade nos dias de hoje e sempre! Ou pára, pensa e reflecte para encontrar o seu Modelo, ou cai no vazio, no niilismo, na frustração, na desordem ontológica, origem de todas as desordens.

Mas, pensando bem, talvez Diógenes ainda ande por aí, segurando a sua lanterna, nas nossas praças e ruas, cadeias e hospitais, bairros e tugúrios... à procura do Homem... E, se bem escutarmos, no silêncio dos tempos, tal como no Pretório do governador romano, há dois mil anos, poderemos ouvir a voz nítida de Pilatos a responder-lhe, diante do desfigurado rosto, ensanguentado, de um condenado que chamava a Deus seu Pai, e apelidava os homens de seus irmãos:

- ECCE HOMMO!... – Eis o Homem!...

Páscoa, a Primavera da Humanidade

Este ano Páscoa e Primavera entraram de mãos dadas.

Páscoa e Primavera, símbolos de mudança, símbolos de Esperança! E a Esperança é o mais acalentador sonho da humanidade. Páscoa, passagem da morte à vida. Primavera, símbolo da vida a desabrochar em flor.

Mesmo que os dias que vamos vivendo nos tragam nuvens pesadas de invernia social, económica e política, não só a nível internacional mas também portas adentro, vale a pena sonhar; vale a pena ter esperança.

O sonho faz com que o mundo pule e avance, como bola colorida nas mãos de uma criança - parafraseando António Gedeão. E a sabedoria popular adverte-nos que a Esperança é a última a morrer.

Santa Páscoa para todos os que estas linhas lerem!