Saudades da guerra fria...,
ou o Ocidente em declínio?!...
O presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, com muita falta de senso e clamorosa imprudência política, decidiu invadir a Ossétia do Sul, para pôr cobro aos propósitos separatistas daquela parcela do «seu» território. A Rússia não se conteve, e reagiu com violência, pois não iria permitir que fosse ultrapassada, ali, a sua influência estratégica.
Só um tolo teria deixado de acreditar que isso não iria acontecer… Só um tolo, ou um governante insensato, indiferente perante o sofrimento do povo. Foi o que aconteceu: violência desmedida; morte de inocentes; humilhação e derrota.
E o Ocidente aninhou, titubiante, perante a firmeza verbal e bélica dos senhores (ou do senhor – Putin) do Kremlin.
De resto, como teriam reagido os americanos (versus NATO) se a Sérvia tivesse invadido o Kosovo, após ter este proclamado unilateralmente a sua independência?...
Ossétia, Abkhásia, Kosovo, País Basco…
Afeganistão, Iraque, Irão
Pedras no sapato da paz podre em que vive o mundo, que parece alimentar saudades da guerra fria da segunda metade do século passado…
Novos marcos, a balizarem as relações internacionais, cada vez mais complicadas e perigosas.
Se, por um lado, há indícios encorajadores de esperança, nos recentes progressos de entendimento a nível político entre Israel e a Palestina, por outro, a arrogância ameaçadora de Ahmadinejad, presidente do Irão (que já pretende exportar «nuclear» para a África…) a respeito do estado judeu, não augura futuro risonho para aquela região, nem para o mundo. Já não falando na China, esse colosso militar que começa a dar mostras de apoiar a Rússia nos recentes diferendos (e até o Chávez, da Venezuela, aproveitou a deixa para se encostar aos poderes do Oriente).
Há quem pense que a Rússia de hoje não é a União Soviética de ontem. E quem é que fez a U.R.S.S. de ontem e nela imperava?...
Insensatos!
Se as ideologias – dizem - tiveram já a sua época, elas deixaram os seus frutos e as suas sementes: a alma da humanidade foi destruída pelo materialismo ateu, e pelas filosofias da «morte de Deus». A sociedade actual vive num misticismo prático de marxismo existencialista, alimentado, paradoxalmente, pelo lucro fácil de um capitalismo selvagem, insensível às misérias humanas, e pelo prazer individualista a todo o custo. O espaço planetário em que vivemos vai-se contraindo cada vez mais, mercê da velocidade estonteante das comunicações, e, por consequência, torna-se presa da vontade de domínio dos mais fortes.
Estaremos, então, a cozinhar uma nova guerra fria global, a ressuscitar a ameaça e o medo permanentes da guerra quente?...
Ou será que a Civilização Ocidental, apodrecidas que estão as almas, começa a ver desaparecer no horizonte a estrela dos seus dias mais gloriosos?!...
Post-Scriptum:
Imaginem, agora, o que aconteceria, a nível mais nosso… se o P.M. de Portugal resolvesse mandar tropas a Olivença, para fazer valer os nossos direitos históricos e legais!...
Sem comentários:
Enviar um comentário