sábado, 30 de agosto de 2008

Um País em cata-vento

A onda de criminalidade violenta está a tornar-se num autêntico «tsunami» social.

O pânico generaliza-se.

O cidadão comum interroga-se sobre a sua segurança pessoal e de seus bens.

Um pandemónio generalizado, depois dos processos casapianos sem solução à vista, e dos apitos dourados que vão perdendo o brilho e o som estridente de seu início.

Já se levam as caixas multibanco às cavaleiras, estejam onde estiverem: desde os supermercados aos tribunais (tribunais!... o cúmulo paradoxal do paroxismo do crime!);

Incendeiam-se autocarros em recolha; «hijackam»-se automóveis topo de gama;

Assaltam-se ourivesarias, bancos e bombas de combustíveis;

Desaparecem crianças, misteriosamente, sem que fique qualquer pista aproveitável à investigação policial;

Promove-se, facilitando o processo e os meios, o desfazer dos laços matrimoniais;

Financia-se o aborto por opção da mulher (… mãe?!) e dispara a exploração comercial do sexo;

Oferece-se à juventude escolar preservativos e computadores, e distribui-se gratuitamente seringas para droga nas cadeias;

Manda-se retirar os crucifixos das escolas, e alterar a denominação de sabor religioso das instituições do Estado;

Desvaloriza-se o conceito da Honra, e relativiza-se o valor da Fidelidade;

Está a perder-se a capacidade de pensar, de reflectir…

etc., etc., etc.

O que conta, hoje, é o lucro, o interesse imediato, hedonístico e vil.

Entretanto os nossos políticos gozam férias, apesar de tudo; mudam de mulher como quem muda de camisa; enchem as capas de revistas com fotos de seus devaneios amorosos (nem todos, felizmente, se medem pela mesma rasa!...).

Estamos num Portugal que deixou extinguir na alma do seu povo a noção dos mais acrisolados valores que dão sentido à vida; que não oferece à juventude ideais nem objectivos atingíveis; que legisla contra a Família e levanta engulhos à religião que lhe deu identidade desde o berço. Somos uma Pátria que deu pátria a povos de todo o mundo, mas que os abandonou às ideologias, quando era preciso educá-los e ajudá-los a construir o seu próprio Lar. Os que puderam fugir ao inferno consequente que os cercou e dizimou milhares dos seus irmãos, vagueiam por aí nos bairros problemáticos das nossas cidades, onde o crime alastra e a droga mata o corpo, destrói a personalidade, e definha a alma.

Fiquemos por aqui...

Que esperam deste País, que se governa em pára-arranca e legisla em cata-vento?

Ora agora, deixam-se os criminosos em liberdade...; ora agora, instaura-se mais apertada a prisão preventiva! Mais umas medidas legislativas, mais uma série de estratégias! Leis e medidas!... Não importa se as anteriores são ou não cumpridas... O «novo» é que é bom e eficaz!

Que fizeram deste País, onde por toda a parte se vêem nas paredes os indícios técnicos da anarquia?... Onde os políticos gastam montes de dinheiro dos impostos de todos em decisões e obras de fachada, de cariz eleitoralista, e descuram as mais comezinhas necessidades públicas? Depois, endivida-se a Administração, segundo o lema displicente e desonesto: «Quem vier atrás que feixe a porta!».

Para onde vai Portugal? «Como vai, este País?» - assim perguntavam, há uma trintena de anos Herman José e Nicolau Breyner, no programa crítico-humorístico «Sr. contente e Sr. Feliz».

«Este País» continua, hoje, a rodopiar em cata-vento, à procura de um sentido e de um destino. Permanece, graças ao sistema político que temos, «à espera de Godot»! Desse Godot quimérico, que nunca chega, mas que Beckett colocou, como esperança, no imaginário daqueles para quem a vida se constitui em tédio e em derrota. .

E já lá vão trinta e tal anos, em que numa manhã de Abril se proclamou a Liberdade!... e se perdeu o senso da Responsabilidade… quando a boceta de Pandora, da «Revolução» deixou extravasar as «liberdades»!

Oxalá que os Portugueses se venham a libertar da obsessão de Godot, que nunca chega, e tentem, algum dia, recuperar a Esperança, que continua, apesar de tudo, a aguardar que a resgatem, lá do fundo da boceta, onde ainda, e só ela, permanece.

1 comentário:

Alma Rebelde disse...

Se fosse só o País estávamos bem,este "mal-estar" já é a nível mundial,enquanto as injustiças sociais prevalecerem nas grandes cidades.
O mundo precisa muito de oração...