terça-feira, 28 de agosto de 2007
Terminaram as festas na minha terra
domingo, 26 de agosto de 2007
Sol poente em Celorico da Beira
Sol poente em trovoada de Agosto
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Sol nascente em Marialva
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Há festa na minha terra!
Há festa na minha terra,
Estouram foguetes no ar;
Canta, dança e reza a gente...
E do mar até à serra
Se vê a Cruz a brilhar
Lá no monte, refulgente.
Ó Senhora da Saúde,
Em Teu Monte do Murado,
No Teu altar, tão formosa!
Aqui vim, logo que pude,
P´ra ficar sempre a Teu lado,
Mãe divina e poderosa.
Ó Senhora da Assunção,
Quem Te deu esse Menino
Que tens ao colo abraçado?
- «É Jesus, da Redenção,
Meu Filho, tão pequenino,
De imaculada concepção».
Bendita sejas, Senhora,
Por Teu Filho, e de Deus Pai,
Nosso Rei e Salvador!
Louvamos-Te, a toda a hora.
A vossa graça nos dai...
Em bênçãos do vosso Amor!
domingo, 5 de agosto de 2007
Nas lixeiras de Sarajevo
Toda a minha refeição da tarde
se revolvera no estômago...
frente àquelas imagens de Sarajevo.
Gente faminta,
competindo, entre si,
na lixeira da cidade,
pelo mais procurado petisco da pobreza:
os restos dos outros...
As migalhas caídas
das mesas abastadas da opulência.
Há sempre opulência e esbanjamento,
quando não se reparte,
com a fome dos outros,
as migalhas do pão de cada dia.
E há sempre pobreza e miséria,
quando os famintos buscam o seu pão...
nas lixeiras da cidade...
Como em Sarajevo!
Que humanos somos?!...
Que qualidade de cristãos é a nossa?!...
Mas foi bela a lição que deram,
esses pobres das sociedades modernas!
Prezaram a vergonha da sua indigência...
a mais sentida e pungente
dignidade do ser humano:
recusaram falar para a Televisão.
Buscam a sobrevivência...
mas desprezam a sensação
grosseira e vil
da devassa nos écrans do mundo.
Perderam tudo o que tinham a perder...
mas não vendem, ainda,
a riqueza da sua dignidade.
Senhor,
Tu, que não deixaste sem pão
a multidão dos que Te procuravam...
Tu, que disseste à Samaritana
possuíres fontes de água viva
para os sequiosos do Teu amor,
lança um olhar de piedade
a todos os Teus filhos famintos,
em sinal de que a verdadeira dignidade
não é a vergonha de ser pobre...
mas a riqueza da Esperança
de Salvação que a todos ofereces,
mesmo que em sofrimento,
e em derrota de Calvário...
como nas lixeiras de Sarajevo.
(Ano de 1995)
sábado, 4 de agosto de 2007
O Farol
quinta-feira, 2 de agosto de 2007
Não foras Tu, ó Mãe...
Deixa-me descansar no teu regaço,
Ó Mãe extremosa, em quem confio.
Deixa que te ofereça as minhas penas,
Os meus anseios e desgostos,
As minhas esperanças e desalentos...
Quanta solidão, por vezes, me reserva
O mundo agitado dos meus dias!
Não foras Tu, ó Mãe,
A quem iria?...
Para quê, tanta agitação sem Norte,
Tanta canseira e trabalho?...
Arrastam-me por caminhos e veredas,
Exigem de mim forças que não tenho.
Esperam confiantes
Proveito de seus anelos,
Como se em meu peito morasse
A felicidade que buscam... no vazio!...
Não foras Tu, ó Mãe...
A quem iria?...
Desfaleço, caio, levanto-me.
Galgam meus passos novamente a encosta
E cambaleio na berma do profundo.
Sinto medo.
Coragem que fenece...
Desisto e fujo.
Deixa-me descansar no teu regaço,
Ó Mãe extremosa,
Só em ti confio!
Não foras Tu, ó Mãe...
A quem iria?...
Buscar a Paz que me afaga,
O Amor que me tranquiliza,
A Esperança que me impele
Para a Fé de um amanhã em novo dia?!...
Deixa-me descansar no teu regaço.
Não foras Tu, ó Mãe...
Não foras Tu,
Deixa-me ficar contigo, Senhor!...
“Então Jesus disse aos Doze:
«Também vós quereis ir embora?»
Respondeu-lhe Simão Pedro:
«A quem iremos nós, Senhor? Tu tens
palavras de vida eterna!»
(Jo 6 67, 68)
..... .... .....
Nas margens do mar da Galileia, o Mestre arrebatava as multidões. Gente rude, violenta, de mãos calejadas e cabeça dura. Oprimidos pelo invasor romano, esperavam um libertador terreno, um rei... à maneira de David.
Depressa começaram a entender que as palavras daquele homem eram diferentes, novas, de um sentido profundo e envolto em mistério.
"- Tu tens palavras de vida eterna - diria Pedro, o escolhido para servir de pedra, fundamento de uma nova construção no mundo: um edifício humano, feito de pedras vivas, que jamais haveria de ruir.
Os homens, hoje, não são muito diferentes dos de então: egoístas, ambiciosos, violentos... Mas também de carne e osso, como os pescadores galileus: de coração frio e entendimento embotado; escravos do mundo que os rodeia; sem tempo para vislumbrarem uma réstia libertadora, de esperança, a rasgar as nuvens escuras dos interesses muito particulares nas malhas dos negócios e da política, em que se deixaram envolver.
Para eles - os homens de hoje -, para todos nós, para ti e para mim, a presença de Jesus continua a ser uma realidade quotidiana e consoladora.
A sua voz, as suas “palavras de vida eterna"... penetram-nos, num murmúrio interior, chegando ao mais íntimo de nós mesmos. Mas não queremos ouvi-las, não criamos espaço acolhedor no nosso espírito para que orientem as nossas atitudes, motivem a nossa vontade, e façam florescer à nossa volta testemunhos de um amor que liberta e salva.
Somos peças de máquina, neste nosso mundo doente e pervertido. Somos, muitas vezes, engrenagens ferrugentas que aviltam a harmonia da vida e a desviam do sentido último, do rumo à plenitude da existência.
Somos barro... que precisa das mãos do oleiro para ganhar beleza de forma e capacidade para servir.
Temos - todos - uma grande carência de silêncio, de serenidade... Dessa paz interior e nostálgica que levou as multidões a procurar e a imitar aquele homem simples e misterioso, o filho do carpinteiro, que nas margens do mar da Galileia falava às gentes que o procuravam... com "palavras de vida eterna".
No meio de todas as tribulações, e depois do barulho dos terramotos e tempestades que por vezes assolam a nossa precária condição humana, se conseguirmos dar um pouco de atenção aos sinais que o Senhor nos envia, e estabelecer sintonia com o Seu Espírito vivificador, poderemos dar conta de que Ele chega de mansinho, como a Elias, na suavidade da brisa matutina... Para se colocar à nossa frente, expectante e interrogativo.
Então, só nos resta fitar os seus olhos de infinita serenidade e maviosa candura, e responder baixinho:
- Não me quero ir embora, Senhor. Deixa-me ficar contigo!