quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Para que da Memória se faça História

APONTAMENTOS DE UM SOLDADO EM ÁFRICA
Nota prévia:
Inicia-se neste espaço a publicação de uma série de «Apontamentos», insertos mensalmente na Revista «Missões e Missionários», dos Missionários Claretianos, há quarenta e cinco anos.
Nesses textos, deixei relato de alguns episódios da minha primeira participação na guerra do Ultramar. Os que não viveram esta época, mas só dela ouvem, hoje, falar, não entenderão, certamente, muito deste conteúdo espiritual, sentimental e patriótico. Os tempos são outros, e fora do contexto experiencial e temporal dos acontecimentos, não é fácil interpretar com rigor a História, sem correr o risco de ser tentado a emitir, dela, um juízo de valor aferido por padrões posteriormente reconstruídos. Mas a História é o que é, e não o que mais tarde se pense devia ter sido.
É importante que se não perca a Memória da nossa história recente, mas é mais importante que essa Memória deixe transparecer, com fidelidade, a par das sombras que fatalmente regista, as centelhas de luz que iluminaram o seu percurso. A grandeza de um Povo é tanto maior quanto maior for a sua capacidade de assumir fielmente todo o seu passado. Renegá-lo, ou escamoteá-lo segundo determinadas preferências ideológicas, religiosas, ou políticas, é, à partida, desmerecer a herança positiva dos que fizeram a história, e desprezar o ensinamento dos factos, bons ou maus, com vista a um futuro que se deseja sempre melhorado.
Aos Missionários do Coração de Maria, que acolheram, a seu tempo, estes escritos na sua extinta e saudosa revista «Missões e Missionários», deixo uma devida vénia de gratidão e de saudade.

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