sexta-feira, 27 de julho de 2007

Jovens de todos os países, uni-vos!

Perscrutai, Senhor, conhecei o meu coração,

examinai e conhecei os meus propósitos.

Vede se é errado o meu caminho,

conduzi-me pelo caminho do que é eterno.

(Salmo 139, 23 - 24)

Depois dos conflitos sociais decorrentes da situação criada pela revolução industrial e pelo consequente desenvolvimento tecnológico dos últimos séculos, surge hoje uma nova situação de conflito entre as gerações actuais.

Aos problemas laborais e à concentração do capital, a que deu lugar uma economia que elegia como objectivo principal o máximo lucro, com grande desequilíbrio de remuneração entre os factores de produção, especialmente entre o capital e o trabalho, emergiram as ideologias messiânicas de salvação terrena.

Subverteram-se os padrões tradicionais da sociedade, e, no passado século, emergiram os efeitos sócio-culturais e políticos de duas guerras mundiais.

Seguiu-se a contenção, tensa e ameaçadora, da guerra fria. Levantaram-se os movimentos de libertação dos povos colonizados, polarizando as energias bélicas das grandes potência do mundo.

Entretanto, na China e em França, a Revolução Cultural e o Maio 68 abalam toda a estrutura intelectual e moral da sociedade.

Finalmente, o desabar do muro de Berlim, após a abertura profética da "perestroika", vem desanuviar o confronto de paz podre entre os dois grande blocos do poder mundial.

Mas cedo a face da terra se viu semeada de lutas regionais, que continuam, ainda hoje, a espalhar a doença, a morte, a destruição e a fome por milhões e milhões de vítimas inocentes.

Como consequência de tudo isto, os valores em que assentava a consistência da pessoa humana foram-se esvaindo, deixando um profundo vazio nas almas, facilmente preenchido por contravalores que deixam caminho aberto a uma desenfreada corrida aos prazeres imediatos de uma vida fácil e egoísta, desumana.

Os conflitos culturais, disparados pelas novas técnicas de comunicação, aí estão a tomar lugar, na sociedade, às lutas laborais. Se estas eram violentas, aqueles são insidiosos: penetram, subvertem, destroem, aniquilam. Criam lentamente uma nova personalidade, um novo sentir, sendo a juventude o principal objectivo da conquista - o objectivo decisivo desta nova batalha pela conquista do mundo.

Os flagelos da droga e da sida, e o aumento em espiral da criminalidade, são indicadores fatídicos desta nova era, que a Política não enfrenta com eficácia, porque não pode nem sabe. O potencial de combate dos responsáveis pela governação do mundo está minado no interior, e não possui, por isso, capacidade para exercer plenamente o seu poder de decisão.

É, então, o fim?

Não!

Ao grito revolucionário do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels - "Proletários de todos os países, uni-vos" -, que espalhou pelo mundo inteiro uma onda de revolta e de violência contra o capital e a burguesia, importa, hoje, contrapor e bradar aos ventos, com redobrado vigor:

" - Jovens de todos os países, uni-vos!".

Uni-vos e revoltai-vos!

Contra esta onda que vos avassala e destrói;

Contra a droga, que vos arruina a vida e vos conduz à morte prematura;

Contra os prazeres fáceis da vida, que embriagam e enganam;

Contra o sensualismo libertino que vos avilta e desonra;

Contra o egoísmo, que isola, e impede a convivência social com que se edifica o futuro;

Contra a perfídia dos que vos tentam cada vez mais arrastar para os requintados e nojentos atractivos da vida nocturna dos prazeres alienantes;

Contra tudo o que pretende fazer de vós instrumento de lucro, a qualquer pretexto.

Os encontros internacionais do saudoso João Paulo II, e, recentemente, do novo papa Bento XVI, com jovens de todo o mundo, são bem esse grito de alerta, que bem se desejaria ressoasse, em eco permanente, ultrapassando todas as fronteiras:

"Jovens de todos os países, uni-vos!"

Uni-vos e buscai a felicidade dos valores morais, que esta geração de educadores que tivestes e tendes vos impossibilitou e impossibilita de conhecer;

Uni-vos pela descoberta do Homem no próprio homem, deste homem que foi criado para viver no amor e na paz com os seus irmãos;

Uni-vos pela defesa da vossa própria honra e integridade contra todos os atractivos mundanos que corroem o cerne da vossa personalidade – a alma imortal que Deus vos concedeu.

Ainda é tempo! À vossa espera, está esse Deus que tentam apagar, por todos os meios, do mais íntimo de vós mesmos. Até Ele, abre-se diante de vós um caminho esplendoroso, um futuro promissor, uma felicidade tão grande que o próprio Universo não poderá conter.

Nas vossas mãos, na vossa determinação, no vosso amor - quantas vezes incompreendido e explorado -, está a força em que reside a esperança dos povos.

"O amor salva o mundo - dizia-vos João Paulo II, em Paris - constrói a sociedade, prepara a eternidade. O amor e o serviço sejam as regras primordiais da vossa vida! Aceitando seguir a Cristo - acrescentava o Santo Padre - anunciais que o caminho do amor perfeito passa pelo dom total e constante de vós mesmos".

Jovens de todos os países, uni-vos!... - e, com Cristo e a sua Igreja, sob a protecção e guia de Maria, a Mãe de toda a Esperança e Rainha da Paz, salvai este Mundo que vos perde, e, perdendo-vos, cambaleia na borda do abismo do desespero e da tragédia.

O Futuro da Humanidade está nas vossas mãos! Não deixeis que ele se perca...

Porque não há outra alternativa!

1 comentário:

Anónimo disse...

Sempre é tempo...Cristo é o Senhor da História apesar de tudo e de todos!

E com Cristo somos mais que vencedores!(Rom 8,37)

Esperar contra toda a esperança como Abraão é a nossa única alternativa!