sexta-feira, 6 de julho de 2007

Nas Margens do Lago

Depois do assassínio de João Baptista, os seus discípulos foram em busca do corpo do profeta, dando-lhe sepultura. Então vieram ter com Jesus e contaram-lhe o que tinha sucedido.

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«Quando Jesus recebeu a notícia, retirou-se de barco e foi sozinho para um lugar isolado. Mas o povo, ao saber disso, saiu das povoações e seguiu-O por terra. Assim, quando Jesus desembarcou, viu uma multidão enorme. Sentiu-se comovido com aquela gente e curou todos os doentes que lá havia (Mt 14, 13)».

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As margens de um lago, mesmo que esse lago seja do tamanho do mar de Tiberíades, ou da Galileia; ainda que esse lago tenha a dimensão do oceano, são sempre apetecíveis lugares de repouso, de tranquilidade, de reflexão.

Quem não deu já consigo mesmo a pensar na vida, sentado nos rochedos da praia, a olhar para o mar, apreciando, na quietude do espírito, o movimento rotineiro e o som monocórdico do quebrar das ondas?!...

Foi nas margens do lago que o Mestre começou a chamar os seus discípulos.

Foi nas margens do lago que o Senhor acolheu e ensinou multidões que O procuravam, famintas da Palavra que salva.

Foi nas margens do lago que Jesus curou os que estavam doentes e alimentou os que O seguiam, fazendo render até sobrar o que era pouco e não chegava para todos.

Foi nas margens do lago que o Ressuscitado reencontrou, pela terceira vez, os Seus amigos predilectos, e consignou a Pedro a suprema missão de pastor de almas.

A vida é também um lago... Grande ou pequeno... De águas tranquilas ou de ondas alterosas... Onde o sol nasce, e o sol se põe... Mas sempre com as suas margens à espera de que nos sentemos a admirar o bulir das águas e o espelhar da luz, a escutar a voz da Criação, a reflectir nos seus mistérios de sabor divino, a perscrutar as riquezas insondáveis do Infinito.

As pessoas têm, hoje, dificuldade em encontrar o «Lago» da sua existência... Deambulam por aí, a esmo, à procura de alguém que lhes fale de Deus, sem quererem admitir essa realidade... Que lhes mate a fome da alma, sem que a reconheçam... Que lhes cure as doenças que dilaceram as mais íntimas entranhas do seu ser.

Procuram avidamente uma resposta para as suas angústias, uma solução para os seus problemas, uma réstia de esperança para os seus becos sem saída. No fundo, clamam pelo transcendente, embora apenas busquem alguma paz e felicidade, a qualquer custo. Seguem o primeiro charlatão que lhes apareça e lhes encante os ouvidos ou deslumbre o olhar... Alguém que lhes prometa ou ofereça alguma satisfação, ainda que só por uma noite, só por uns momentos fátuos que logo se extinguem no desespero que volta.

Têm ânsias do Além, mas contentam-se com aberrantes sucedâneos enganadores, pequenos deuses arquitectados à medida de cada gosto... Ídolos! Não têm tempo para ouvir a palavra do Mestre, que apenas ecoa nas tranquilas margens do lago, ou nas suaves encostas da montanha, à distância de todo o barulho que entontece e do desatino das multidões... Longe do consumismo moderno e do frenesim alienante das diversões nocturnas... Fora de toda a poluição moral e física do ambiente em que vivem, hoje, até na escola... e na família.

O homem actual tem necessidade de reencontrar as margens do seu próprio lago, do “Lago” da sua vida, e descobrir o Mestre da Galileia, sentado na borda do seu próprio barco... Qual murmúrio da brisa vespertina, escutará, então, as inefáveis palavras que só esse Jesus de Nazaré é capaz de proferir, para dissipação dos seus tormentos interiores e de todos os desgostos... Palavras de esperança, palavras de amor e de salvação, nas quais os pobres e humildes da terra, os doentes e os injustiçados de uma sociedade cada vez mais madrasta e fria, os aflitos e perseguidos pelos terrores de um futuro de incerteza e de ameaça, encontrarão alívio e força para continuar a caminhada da vida...

...que será, então, de vitória, por mais agressivos que sejam os escolhos e os espinhos que surjam a dificultar o caminho.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se tem caro amigo!!!
Mas não temos esse "poder" ,apenas aquele(a) coração que deseja profundamente aceitar que Jesus é o único Salvador que nos enche a alma com a sua plenitude.
Saudades destas "pérolas"
Santo fim de semana :)