Senhor,
Penso naquele homem
encontrado num contentor de lixo.
Tu não tinhas pedra onde repousar a cabeça...
Aquele homem não encontrou outro refúgio
para habitar,
no descanso de uma noite fria e chuvosa.
Já não basta a procura do sustento
remexendo nos detritos fétidos da lixeira...
É também no meio do lixo,
no contentor do lixo,
que um ser humano já se acolhe para repousar!...
Que fizeram os homens do Homem?
Do homem que Tu criaste, meu Deus;
do homem a quem deste o Teu perdão;
do Homem que Tu próprio foste e és,
elevando-o, por adopção,
à dignidade da filiação divina?
Homem-lixo,
carregado pelos homens do lixo,
pronto a ser lançado
na montureira imunda de um aterro...
ou, mais modernamente,
a ser triturado ou prensado
pela maquinaria, irracional,
de qualquer estação de tratamento
de "resíduos sólidos urbanos"!
Senhor!
Tem pena desta miséria de homem que eu sou.
Dá-me sensibilidade bastante
para ver em cada um dos meus semelhantes
a fisionomia do Teu rosto.
Ajuda-me a encontrar-Te
em todo o ser humano,
por mais miserável que seja...
Em todo o ser da Tua maravilhosa Criação,
do Teu mundo de Amor.
E se, por desgraça,
não Te reconhecer
no meio das pequenas cruzes
que me rodeiam nos meus dias,
leva-me então, pela mão,
a procurar-Te no mais próximo contentor de lixo...
...Onde os homens desta era
levantaram mais um Calvário
para que sejas de novo crucificado...
... no corpo desta humanidade virada em lixo.
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