sexta-feira, 20 de julho de 2007

O homem... no lixo

Senhor,

Penso naquele homem

encontrado num contentor de lixo.

Tu não tinhas pedra onde repousar a cabeça...

Aquele homem não encontrou outro refúgio

para habitar,

no descanso de uma noite fria e chuvosa.

Já não basta a procura do sustento

remexendo nos detritos fétidos da lixeira...

É também no meio do lixo,

no contentor do lixo,

que um ser humano já se acolhe para repousar!...

Que fizeram os homens do Homem?

Do homem que Tu criaste, meu Deus;

do homem a quem deste o Teu perdão;

do Homem que Tu próprio foste e és,

elevando-o, por adopção,

à dignidade da filiação divina?

Homem-lixo,

carregado pelos homens do lixo,

pronto a ser lançado

na montureira imunda de um aterro...

ou, mais modernamente,

a ser triturado ou prensado

pela maquinaria, irracional,

de qualquer estação de tratamento

de "resíduos sólidos urbanos"!

Senhor!

Tem pena desta miséria de homem que eu sou.

Dá-me sensibilidade bastante

para ver em cada um dos meus semelhantes

a fisionomia do Teu rosto.

Ajuda-me a encontrar-Te

em todo o ser humano,

por mais miserável que seja...

Em todo o ser da Tua maravilhosa Criação,

do Teu mundo de Amor.

E se, por desgraça,

não Te reconhecer

no meio das pequenas cruzes

que me rodeiam nos meus dias,

leva-me então, pela mão,

a procurar-Te no mais próximo contentor de lixo...

...Onde os homens desta era

levantaram mais um Calvário

para que sejas de novo crucificado...

... no corpo desta humanidade virada em lixo.

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