quarta-feira, 18 de julho de 2007

Pastilhas para o «Stress»

Li, uma vez, numa conhecida revista de cultura geral, uma interessante história relatando o episódio de uma secretária executiva que, ao telefone, atendia uma importuna e maçadora conversa de alguém que, do outro lado da linha, despejava nos ouvidos da pobre moça todos os azedumes das suas queixas.

Enquanto ouvia o seu interlocutor, com aparente santa paciência, apenas deixando escapar uma ou outra frase curta de circunstância, para manter o contacto, a rapariga ia rabiscando algumas palavras num pequeno bloco-notas.

Intrigado com a calma demonstrada pela funcionária, o relator da história - alguém ali presente - não resistiu à curiosidade, e, pelo canto do olho, sempre lançou uma mirada ao bloco, a ver o que a rapariga ia escrevendo.

Ficou perplexo. Deparou com uma pequena litania de compreensíveis desabafos, do género: "vá para o diabo !...", "vá para o diabo!...", vá para o diabo!...".

Consta, também, que um certo professor, quando atingia o ponto de saturação perante as asneiras irritantes dos seus alunos, em vez de descarregar sobre eles toda a sua ira, dominava-se... e, dirigindo-se para junto do armário da sala, abria a porta deste, e lançava lá para dentro, baixinho, todos os impropérios que lhe bailavam na alma.

Quantas vezes, desgastados pela pressão que nos esmaga, do trabalho absorvente do dia a dia; das responsabilidades que nos limitam a liberdade de ser e de agir; das preocupações dilacerantes que cada vez mais se avolumam à nossa volta; do medo dos perigos e das doenças, enfim, de tantos e tantos motivos que hoje nos enredam a vida nas malhas da angústia, da ansiedade e das insónias, sentimos a necessidade de reparar esse estado patológico do nosso psiquismo e dos nossos nervos!... Então, procuramos refúgio na diversão de actividade, se possível, mas, frequentemente, recorremos ao consumo de fármacos que nos aliviam a tensão e nos facilitam o sono... Relaxantes.

Contudo, o essencial está em modificar as situações que nos perturbam, e isso nem sempre é fácil. Às vezes, torna-se, mesmo, uma tarefa muito difícil de conseguir.

Importa, então, enfrentar a realidade dos problemas: aprender a viver com eles, numa atitude de aceitação resignada, mas activamente esperançosa, evitando o desespero. É nessa altura que precisamos de fazer silêncio dentro do nosso íntimo, para ouvir a palavra vivificadora do Mestre:

"- Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". (Mt 11, 28 - 30).

Entretanto o salmista, avisadamente, vai-nos sussurrando:

"Se o Senhor não constrói a casa,

em vão labutam os seus construtores;

Se o Senhor não guarda a cidade,

em vão vigiam as sentinelas." (Salmo 127).

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